segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Mar de Minde

O Mar de Minde é uma vasta "lagoa" que se cria no polje de Minde, na Serra de Aire e Candeeiros, quando as condições de pluviosidade excedem os valores considerados normais e os terrenos atingem um nível tal de saturação que não lhes permite absorver mais água.

"Os Poljes ocorrem em zonas de geologia calcárea, em que a erosão ao longo das eras geológicas fez já "estragos" consideráveis. Sendo uma rocha bastante solúvel, o calcário cria redes de galerias subterrâneas, entre grutas e algares.
Ao invés do que é normal, a circulação de águas subterrâneas faz-se no seu essencial por redes de galerias com secções que vão dos pouco centímetros às várias dezenas de metros e não por lençóis e estratos mais ou menos porosos. Na verdade, não existem rios de superfície nestas áreas, eles tomam a forma subterrânea e só aparecem à superfície, já na periferia dos maciços calcáreos.
Como exemplo, de grande magnitude a nível nacional, temos as conhecidas grutas de Mira d'Aire e as não tão conhecidas, embora com a mesma ordem de grandeza, do Almonda.
No caso concreto, o polje de Mira-Minde  é drenado na periferia do maciço pelas nascentes dos rios Lena, Alviela e Almonda só para citar as mais conhecidas.
Quando a entrada de água no sistema é superior ao caudal permitido pelas nascentes, a água eleva-se dentro da rede e inunda esta área deprimida que é o polje, através de 2 ou 3 algares existentes na sua base, formando este mar temporário.
Uns tempos depois, com a diminuição da precipitação, este "mar" esvazia pelos mesmos locais por onde inundou.
Como é necessário que haja uma certa concentração temporal de grandes quantidades de precipitação, este fenómeno não é regular e não tem periodicidade certa" 

(em Natura Minde http://minde.eu/natura/polje.html)

Com cerca de 2,5 quilómetros de cumprimento e mais de 800 metros de largura, o mar de Mira-Minde, como é conhecido na zona, pode proporcionar muitas horas de gozo aos praticantes de desportos aquáticos. Com uma profundidade máxima que chega a ser superior aos 15 metros na zona central, e perto das margens a rondar os quatro metros, reúne óptimas condições para o mergulho autónomo. Já imaginou descer até sete metros de profundidade e entrar dentro de um poço de água, que curiosamente está cheio, e continuar a descer mais ainda pelas estreitas paredes?
Não tema, perigos desconhecidos como o monstro de Loch Ness estão fora de hipótese. É apenas preciso ter cuidado com os arranhões das silvas, enquanto se nada por entre chousos (pequenos muros de pedra que servem para delimitar propriedades), ou se segue o tronco de um carvalho desde a copa emersa, até à raiz submersa, dez metros mais abaixo.

 Este é um mergulho em que a fauna e flora é completamente diferente daquela a que estamos habituados  no mar ou mesmo em barragens.  Em vez de algas, peixes, crustáceos ou molusculos, descobrirá um exército de pequenos insectos e larvas de mosquito que servem de cadeia alimentar aos girinos., Em Invernos de muita chuva, chegam a ser milhões os girinos que se concentram ao longo das margens. Devido à hiper-abundância de alimentos os maiores chegam a ter cerca de 10 cm, desde a cabeça até à ponta da cauda. Quem tiver sorte poderá ainda encontrar tritões, salamandras ( nas fotos uma Salamandra de Costelas Salientes - Pleurodeles waltl a alimentar-se na "sopa" de larvas de mosquito) e cobras de água. Contráriamente ao que se possa supôr, são inofensivas e mesmo que mordam não faz mal porque o seu veneno não é perigoso. 
Para quem não mergulha este local é um bom observatório de aves, As gaivotas não se furtam a voar mais de 50 km desde a costa, para passarem alguns meses deliciadas a caçar, principalmente girinos. Além das gaivotas podem ser vistos guarda-rios,  galeirões ou  patos bravos, que aproveitam as excelentes condições e por aqui se fixam durante os meses em que há água em quantidade suficiente para se alimentarem.


Aqui ficam algumas fotos feitas em  30-01-2010. Profundidade máxima 3 metros, tempo de mergulho 1 hora, temperatura da água 10ºC (muito, muito frio mesmo com fato seco)

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Gorongoza - O paraiso perdido

Este é um dos locais mágicos da minha infância. Lembro-me que a excitação era tanta que nem dormia nas noites que antecediam as partidas para visitas á Gorongoza.
Só lá chegar era uma aventura. As emoções causadas pelas paisagens grandiosas, povoadas com milhares de animais, são indescritíveis.
Arrasado por anos de guerra e caça furtiva, o Parque Nacional da Gorongoza, está agora a recuperar lentamente, fruto de um projecto conjunto do Governo de Moçambique e a Fundação Carr. Espera-se que em alguns anos possa atingir o equilíbrio e a grandiosidade que teve noutros tempos.
Não deixem de ver, no Domingo 7 ás 20:00 horas no National Geographic Channel, o filme sobre a Gorongoza de hoje, Africa´s Lost Eden .
Tambem  vos deixo um pequeno filme sobre a Gorongoza  de outros tempos.