domingo, 11 de abril de 2010

Carrasqueira

Ontem andámos pelo montado da zona do Sado e chegámos, ao fim da tarde, a esta obra-prima da arquitectura popular, o cais palafítico da Carrasqueira. Único da Europa, é construído de estacas de madeira irregular, aparentemente frágeis, das décadas de 1950 e 1960, que servem de embarcadouro aos barcos de pesca que ali acostam. Ora estão enterradas no lodo, ora na água, segundo as marés.

Integrada na reserva natural do Estuário do Sado, a aldeia ribeirinha conserva uma impressionante rede de estacaria que se estende centenas de metros pelos esteiros lamacentos do rio Sado.

 

 Ponto de atracção turística, é um dos locais mais visitados no concelho, o cais continua, no entanto, a cumprir a missão para que foi construído: permitir o acesso dos pescadores aos barcos, mesmo durante a baixa-mar.

 







Ao longo dos diversos cais erguem-se pequenas casas construídas em madeira, que servem de arrecadações.


















Para refazer as forças fomos ao Gonçalves comer choco frito e beber umas imperiais.

domingo, 7 de março de 2010

Floresta mágica

Ontem fomos até Sintra fazer umas fotos e desfrutar  da tranquilidade e beleza da floresta. As nuvens estavam baixas e metiam-se por entre as árvores criando aquela atmosfera mística que só Sintra tem.
A floresta não está tão bem tratada como devia e o mau tempo deste Inverno tem feito grandes estragos. Aqui vos deixo uma descrição técnica desta floresta que está aqui tão perto e que raramente visitamos, no verdadeiro sentido da palavra.

A FLORESTA DA SERRA DE SINTRA
Associação de Defesa do Património de Sintra   
http://mwmservices.net/adps/index.html

A floresta de Sintra, rica em espécies mediterrânicas e atlânticas, marca a transição entre a vegetação do norte e do sul do país, estimando-se em 901 o número de plantas autóctones, das quais 7 são endemismos locais.



Das suas antigas associações vegetais, a do carvalho negral (Quercus pyrenaica) teria tido significativa expansão cobrindo os cumes rochosos e as vertentes mais desabrigadas. Nas encostas sombrias e húmidas, viradas a norte e nalguns locais mais abrigados, vivia a associação tipicamente atlântica do carvalho alvarinho (Quercus robur). A associação mais termófila do carvalho cerquinho (Quercus faginea) teria tido a maior ocupação incluindo os terrenos calcários à volta da Serra, sendo grande a abundância de sobreiros (Quercus suber) nas zonas mais baixas e quentes.



A ocorrência de velhos indivíduos de samouco (Myrica faya), do pequeno Daphne laureola e dos fetos Davallia canariensis, Asplenium hemionitis, Dryopteris guanchica e Woodwardia radicans e a visível expansão do vinhático (Persea indica) e do til (Ocotea foetens), constituem indícios de sobrevivência de uma possível associação de carácter macaronésico.



Destas associações faziam parte um grande número de espécies das quais, ainda hoje, se encontram indivíduos um pouco por toda a Serra: o bordo (Acer pseudoplatanus), a aveleira (Corylus avellana), o azevinho (Ilex aquifolium), o pilriteiro (Crataegus monogyna), o sanguinho das sebes (Rhamnus alaternus), o azereiro (Prunus lusitanica), o loureiro (Laurus nobilis), o medronheiro (Arbutus unedo), o ademo (Phillyrea latifolia), o folhado (Viburnum tinus), o carrasco (Quercus coccifera), a murta (Myrtus communis) e a gilbardeira (Ruscus aculeatus).



Nos vales, junto às linhas de água, sobrevivem restos de formações ripícolas com salgueiros (Salix alba e S. atrocinerea), freixos (Fraxinus angustifolia), amieiros (Alnus glutinosa), ulmeiros (Ulmus minor), choupos (Populus alba e P. nigra), sabugueiros (Sambucus nigra) e sanguinhos de água (Frangula alnus).



Notável é também a vegetação criptogâmica, mais exigente em frescura e humidade do que a superior, abundando os musgos, líquenes e fetos, encontrando os fungos habitats privilegiados nos andares superiores da Serra.



Os fetos espreitam das fendas das rochas e abrem as suas folhas nos locais mais sombrios; os penedos e os muros estão revestidos de característica vegetação rupícola; é grande a abundância de musgos e líquenes e de plantas epífitas e trepadeiras que cobrem troncos e ramos, tudo envolvendo num espesso manto verde.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Mar de Minde

O Mar de Minde é uma vasta "lagoa" que se cria no polje de Minde, na Serra de Aire e Candeeiros, quando as condições de pluviosidade excedem os valores considerados normais e os terrenos atingem um nível tal de saturação que não lhes permite absorver mais água.

"Os Poljes ocorrem em zonas de geologia calcárea, em que a erosão ao longo das eras geológicas fez já "estragos" consideráveis. Sendo uma rocha bastante solúvel, o calcário cria redes de galerias subterrâneas, entre grutas e algares.
Ao invés do que é normal, a circulação de águas subterrâneas faz-se no seu essencial por redes de galerias com secções que vão dos pouco centímetros às várias dezenas de metros e não por lençóis e estratos mais ou menos porosos. Na verdade, não existem rios de superfície nestas áreas, eles tomam a forma subterrânea e só aparecem à superfície, já na periferia dos maciços calcáreos.
Como exemplo, de grande magnitude a nível nacional, temos as conhecidas grutas de Mira d'Aire e as não tão conhecidas, embora com a mesma ordem de grandeza, do Almonda.
No caso concreto, o polje de Mira-Minde  é drenado na periferia do maciço pelas nascentes dos rios Lena, Alviela e Almonda só para citar as mais conhecidas.
Quando a entrada de água no sistema é superior ao caudal permitido pelas nascentes, a água eleva-se dentro da rede e inunda esta área deprimida que é o polje, através de 2 ou 3 algares existentes na sua base, formando este mar temporário.
Uns tempos depois, com a diminuição da precipitação, este "mar" esvazia pelos mesmos locais por onde inundou.
Como é necessário que haja uma certa concentração temporal de grandes quantidades de precipitação, este fenómeno não é regular e não tem periodicidade certa" 

(em Natura Minde http://minde.eu/natura/polje.html)

Com cerca de 2,5 quilómetros de cumprimento e mais de 800 metros de largura, o mar de Mira-Minde, como é conhecido na zona, pode proporcionar muitas horas de gozo aos praticantes de desportos aquáticos. Com uma profundidade máxima que chega a ser superior aos 15 metros na zona central, e perto das margens a rondar os quatro metros, reúne óptimas condições para o mergulho autónomo. Já imaginou descer até sete metros de profundidade e entrar dentro de um poço de água, que curiosamente está cheio, e continuar a descer mais ainda pelas estreitas paredes?
Não tema, perigos desconhecidos como o monstro de Loch Ness estão fora de hipótese. É apenas preciso ter cuidado com os arranhões das silvas, enquanto se nada por entre chousos (pequenos muros de pedra que servem para delimitar propriedades), ou se segue o tronco de um carvalho desde a copa emersa, até à raiz submersa, dez metros mais abaixo.

 Este é um mergulho em que a fauna e flora é completamente diferente daquela a que estamos habituados  no mar ou mesmo em barragens.  Em vez de algas, peixes, crustáceos ou molusculos, descobrirá um exército de pequenos insectos e larvas de mosquito que servem de cadeia alimentar aos girinos., Em Invernos de muita chuva, chegam a ser milhões os girinos que se concentram ao longo das margens. Devido à hiper-abundância de alimentos os maiores chegam a ter cerca de 10 cm, desde a cabeça até à ponta da cauda. Quem tiver sorte poderá ainda encontrar tritões, salamandras ( nas fotos uma Salamandra de Costelas Salientes - Pleurodeles waltl a alimentar-se na "sopa" de larvas de mosquito) e cobras de água. Contráriamente ao que se possa supôr, são inofensivas e mesmo que mordam não faz mal porque o seu veneno não é perigoso. 
Para quem não mergulha este local é um bom observatório de aves, As gaivotas não se furtam a voar mais de 50 km desde a costa, para passarem alguns meses deliciadas a caçar, principalmente girinos. Além das gaivotas podem ser vistos guarda-rios,  galeirões ou  patos bravos, que aproveitam as excelentes condições e por aqui se fixam durante os meses em que há água em quantidade suficiente para se alimentarem.


Aqui ficam algumas fotos feitas em  30-01-2010. Profundidade máxima 3 metros, tempo de mergulho 1 hora, temperatura da água 10ºC (muito, muito frio mesmo com fato seco)

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Gorongoza - O paraiso perdido

Este é um dos locais mágicos da minha infância. Lembro-me que a excitação era tanta que nem dormia nas noites que antecediam as partidas para visitas á Gorongoza.
Só lá chegar era uma aventura. As emoções causadas pelas paisagens grandiosas, povoadas com milhares de animais, são indescritíveis.
Arrasado por anos de guerra e caça furtiva, o Parque Nacional da Gorongoza, está agora a recuperar lentamente, fruto de um projecto conjunto do Governo de Moçambique e a Fundação Carr. Espera-se que em alguns anos possa atingir o equilíbrio e a grandiosidade que teve noutros tempos.
Não deixem de ver, no Domingo 7 ás 20:00 horas no National Geographic Channel, o filme sobre a Gorongoza de hoje, Africa´s Lost Eden .
Tambem  vos deixo um pequeno filme sobre a Gorongoza  de outros tempos.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010