quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Budapeste - A partida

Ontem foi arrumar tudo e esperar pelo shuttle para o aeroporto. A viagem até ao aeroporto foi dolorosamente lenta devido ao transito muito lento. Deu a para apreciar o subúrbio de Budapeste onde se misturam a habitação social dos tempos comunistas com os grandes centros comerciais da época capitalista. Que contraste.
Finalmente lá chegámos ao aeroporto e encontrámos o Pedro e a Marta com quem fomos comer qualquer coisa. O avião deles era mais cedo , pelo que ficámos a fazer tempo e quando nos dirigimos para a porta de embarque começou o susto. O nosso voo estava atrasado uma hora o que, em principio, nos faria perder a ligação para Lisboa. Stress. Quando falei com a menina do balcão disse-me que estava tudo controlado e até já tínhamos reservas no voo seguinte de Frankfurt para Lisboa. A minha cara deve ter sido muito má quando ela me disse que esse voo saía ás 21:30, 3 horas depois do voo certo,pois a menina disse-me, muito rapidamente que ainda deveria conseguir apanhar o voo das 18:00.
No fim tudo correu bem. Em Frankfurt saímos do avião numa porta ao lado daquela onde tínhamos que apanhar o voo para Lisboa e até a bagagem chegou. Grande Lufthansa.

Budapeste - Dia 3



Chegámos ao ultimo dia. Amanhã é acordar e ir para o aeroporto portanto este foi ultimo dia em que andámos pela cidade.
Começámos pelo Mercado Central que nos fez perceber a origem da riqueza gastronómica que vínhamos saboreando desde que tínhamos chegado a Budapeste.
A cozinha Húngara é uma fusão das cozinhas locais, turca, balcã e até francesa. Tudo está patente neste mercado, as especiarias, os enchidos, o foie gras, os talhos com todo o tipo de carnes, vaca, porco, aves, caça e as bancas de fruta e vegetais arrumadas de forma irrepreensível. Na cave existem várias peixarias que vendem peixes de rio, aliás não vimos qualquer peixe de mar à venda. As carpas são mantidas vivas em aquários para serem arranjadas na altura da venda.
Saímos do mercado e caminhámos pelos arredores da Rua Váci, aquilo que se pode considerar a baixa de Budapeste, até chegarmos á praça Vörösmarty onde fomos beber um café à pastelaria Gerbeaud , a mais famosa da cidade.

Na praça apanhámos o metro para Széchenyi fürdo e saímos da estação no Parque da Cidade ( Városliget) mesmo ao lado dos Banhos Széchenyi que é o maior complexo balnear termal da Europa. A nascente é a mais profunda se Budapeste e a sua água é a mais quente, atingindo a superfície à temperatura de 74ºC. Tinhamos pensado em nadar nas suas piscinas ao ar livre mas a Susana esqueceu-se do fato de banho e acabámos por desistir da ideia.

Mais à frente está o lago do parque que é alimentado pelas nascentes das termas e, devido à temperatura elevada da água, e à temperatura baixíssima do ar, tem sempre uma névoa que pairar por cima. Este lago é um oásis de calor para muitos tipos de aves entre as quais se distinguem centenas de Patos Reais.
Todo o parque é lindíssimo e muito tranquilo. Nem parece que estamos no meio da cidade. Aliás, se Budapeste tem um problema, terá mais seguramente, é o transito intenso que só não atinge proporções caóticas devido ao que me pareceu ser alguma educação por parte dos condutores. Nas horas de ponta as filas são intermináveis mas, ao contrário da nossa Lisboa, não se houve uma buzina.


Uma das áreas mais tranquilas e bonitas do parque é a pequena ilha onde está o complexo do Castelo Vajdahunyad.

Este monumento parece saído de um conto de fadas e não é verdadeiramente um castelo mas sim um conjunto de edifícios que reflectem vários estilos e ilustram a evolução da arquitectura Húngara desde o Românico até ao Barroco passando pelo gótico.

Foi projectado e construído, para as Comemorações do Milénio em 1896, de forma a reflectir os 20 mais notáveis edifícios da Hungria.


Sai-se do Castelo por uma ponte medieval e caminhando um pouco chega-se à Praça dos Heróis onde está o Monumento do Milénio.

As estátuas do Principe Arpad e dos seis guerreiros Magyares, que circundam a base da coluna corìntia, são impressionantes e transmitem tudo aquilo que nenhum livro ou filme sobre cavaleiros e guerreiros alguma vez me transmitiu. Força, coragem, uma autêntica cena saída do Senhor dos Aneis mas com o poder da realidade.
Voltámos a apanhar o metro para Vörösmarty ter e andámos, mais uma vez, a visitar as barracas da Feira de Natal.

Entretanto começou a cair a noite e voltámos para o hotel caminhando tranquilamente pela margem do Danúbio e apreciando a vista de Buda que é mágica ao pôr do sol.

À noite, para não quebrar a rotina, voltámos a jantar muito bem no Pater Marcus.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Budapeste - Dia 2

Ontem não consegui escrever. Além do cansaço que começamos a acumular devido ás caminhadas, a Susana fazia anos e fomos jantar com o Pedro e a Marta que, por coincidência, também cá estão. Claro que as horas e o estado em que chegámos ao hotel não dava nem para ligar o computador.
Pela manhã fomos experimentar os transportes públicos e demos uma volta à cidade de eléctrico que acabou por nos deixar em frente ao Parlamento.

Tínhamos estranhado a quantidade enorme de criancinhas, muitas acompanhadas dos avós, que havia no eléctrico e foi quando chegámos ao Parlamento que percebemos porquê. Em frente a este baluarte da republica Magyar está uma feira onde as criancinhas podem ir fazer os seus pedidos ao Pai Natal. O facto desta feira ser patrocinada por uma marca de palinka, a aguardente de frutos típica da Hungria, demonstra uma visão de futuro desta empresa que, ao pôr as criancinhas e contacto tão estreito com as instituições politicas aposta na sua formação como futuros consumidores de bebidas alcoólicas.
Excelente exemplo a seguir pelas nossas marcas de Aguardentes Velhas. Imaginem a feira montada em S. Bento e que poderíamos ir mais longe e pôr políticos a fazer de Pai Natal. Estão ver a criancinha sentada ao colo do Paulo Portas .... não ... é mau exemplo! Sentada ao colo do Alberto João ou do Jerónimo de Sousa, num evento patrocinado pela Adega Velha, é sucesso garantido. Esta criança tem grandes hipóteses de sair dali de tal forma traumatizada que é quase seguro que terá problemas de alcoolismo no futuro.

No canto sueste da praça está uma pequena ponte com uma estátua de Imre Nagy, o primeiro -ministro do governo comunista que, em 1956, se demitiu em sinal de apoio ás reivindicações populares. Este acto custou-lhe a vida.
No nosso caso os ministros andam sob suspeita durante todo o mandato, não se demitem e se alguém os demitir melhoram o nível de vida pois, além das luvas com que já se abotoaram, levam uma reforma das boas e ainda são contratados para o conselho de administração de alguma empresa com bons relacionamentos contratuais com o governo. São as diferenças culturais.

Mais à frente entramos na Praça da Liberdade onde reparamos num obelisco, com uma estrela no topo, e cercado por uma grade. O guia diz que é uma homenagem aos soldados do Exército Vermelho, imagino o porquê da grade.

Logo a lado está um exemplo da ingerência dos americanos em tudo o que é conflito, a estátua do general americano Harry Hill Bandholtz que impediu os soldados Romenos de saquear o Museu Nacional Hungaro. Imagino que os Hungaros estariam muito mais agradecidos se os tivesse incitado a destruir o obelisco.







A Basílica de Santo Estêvão. Por fora impressionou-nos principalmente pelo tamanho da sua cúpula em estilo neo-renascentista. Lá dentro ficámos maravilhados. As pinturas, os mosaicos da cúpula, a pedra avermelhada das colunas em contraste com os dourados, aquela luz ténue que se infiltra das janelas e que cria uma atmosfera incrível. Juntem a isto tudo o facto de estar a decorrer a missa e os cânticos serem entoados por um coro de crianças acompanhado por um verdadeiro orgão de igreja. Arrepiante.

Já com a tarde avançada chegámos à Praça Vorosmarty onde está a instalada a Feira de Natal de Budapeste. Fomos imediatamente assaltados pelo cheirinho do petiscos. É impressionante o que se pode encontrar de comes nesta feira. Desde uma pizza hungara até túbaros de ganso passando por morcelas gigantescas feitas na chapa. Tudo isto é regado com enormes quantidades de vinho quente.


Para moer o repasto caminhámos pela rua Váci admirando o mau gosto geral que impera nas montras e voltámos pelo passeio junto ao Danúbio, já com a noite a cair ( ás 4 da tarde), desfrutando a vista maravilhosa de Buda de que não nos cansamos.

Á noite , como já disse, fomos festejar o aniversário da Susana ao Pater Marcus que, mais uma vez, não nos decepcionou.

sábado, 5 de dezembro de 2009

Budapeste - Dia 1


Pensámos em acordar cedo para aproveitar bem o dia mas o cansaço sobrepôs-se a essa ideia. Arrastamos-nos para o pequeno almoço às 9:30 e acabámos por sair do hotel quase às 10:30. Férias é assim mesmo, sem horários e sem stresses.
O nosso objectivo hoje era o Bairro do Castelo. Esta colina onde nasceu a cidade tem alguns dos mais belos monumentos e vistas de Budapeste.
Para subir até lá cima, caminhámos um pouco até à praça Clark Adam e apanhámos o Sikló, um funicular com 100 anos que nos deixa entre o Palácio Real e a Cidade Velha. Aqui começámos a perceber que se calhar enfiámos um barrete, ao comprar o cartão Budapeste 2009 que supostamente dá para andar à borla nos transportes públicos, quando tivemos que pagar bilhete no funicular. Aliás depressa se percebe que Budapeste é uma cidade onde os turistas são continuamente ajudados a livrarem-se de pesos excessivos na carteira.
Estávamos a apreciar a vista de Peste quando a praça se encheu de seres pequeninos e irrequietos, carregados do "state of de art" em termos de equipamento de captação de imagens. Os japoneses já fazem parte da fauna turística de qualquer cidade Europeia que se preze. O espectáculo era hilariante pois havia vários, nas posições mais esquisitas, a tirar fotos e a filmar a mesma senhora japonesa. Se calhar alguma gueixa famosa reformada.

Não resisti e meti-me de joelhos a tirar fotos á Susana. Comentámos que o jap mais próximo poderia ser um sensei de Karate e ainda me dava uma sova.
Estava a tentar fazer uma foto da Susana, com Peste a servir de fundo, quando ela se desmanchou a rir. Atrás de mim estava o tal tipo com um ar de quem está a pensar, este gajo não tem nenhum estilo a fotografar. Não me bateu, apenas um flectir da cabeça e um entusiasmado "domo arigato" quando o deixei passar para o miradouro.

Descemos a escadaria dos Habsburgos e caminhámos tranquilamente pelo Palácio Real.
Fomos ver a exposição permanente da Galeria Nacional Húngara onde a entrada custa 900 HUF e o direito de tirar fotos 1600 HUF. Se as fotos forem tiradas com o telemóvel não há problema, é à borla. Isto deve-se, de certeza, ao facto de os guardas do museu , todos já com a idade da reforma há muito ultrapassada, terem desistido de tentar proibir as centenas de estudantes Húngaros, das visitas de estudo, cada um a disparar um telélé de rajada. Muito popular entre os miudos é o quadro Banho de Mulher onde uma moça roliça do inicio do século passado, exibe generosamente os seus atributos. Havia uma multidão permanente de putos em frente ao quadro, o único que apreciavam com verdadeiro interesse.

Mais uma volta pelos jardins do Palácio, que alberga ainda o Museu de História e a Biblioteca Nacional e chegámos a outro ponto alto desta visita , a fonte Mátyas. Aqui a língua dominante era o italiano. Um guia que contava, de uma forma altamente teatral, os feitos do exércitos Húngaros a uma horda de transalpinos boquiabertos. Claro que no meio disto tudo ouviu-se uma voz que passava e dizia em bom Português "f...-se que está um frio do c......lho.
Voltando á Fonte, esta é realmente espectacular e mais espectacular é o facto de as fontes em Budapeste, pelo menos as que vimos até agora , não terem água. Deve ser ainda um trauma dos tempos do comunismo, quando faltava tudo até a água. Isto é muito bom para os japoneses que assim conseguem chegar perto das estátuas e fotografar pormenores sem se molharem.

Com a alergia da Susana a piorar, e os medicamentos sem fazer efeito, decidimos que o melhor era almoçar e tratar a maleita com um Cabernet Sauvignon húngaro que, segundo o empregado do restaurante tem excelentes propriedades anti-histamínicas. O facto é que depois de uma garrafa daquele tintol, a regar uma espécie de grelhada mista com pato, porco, borrego, vaca e foie gras, acompanhada de vegetais assados, arroz e puré de batata, a alergia melhorou.

Á tarde passeámos pelas ruas da Cidade Velha e visitámos um sítio espectacular que é o Bastião dos Pescadores. Esta muralha lindíssima, com umas torres cónicas a lembrar castelos de fadas e uma vista espectacular do Danúbio e do Parlamento, foi conquistada por ciganos músicos e por uma turba húngara cuja único objectivo é sacar nota ao pessoal mais distraído. Há de tudo, desde o gajo com a banca dos três copos para adivinhar onde está a bola, até pintores de arte duvidosa e gajos completamente pedrados que só após um grande esforço conseguimos perceber que nos estão a perguntar de onde somos. Os Alemães são mais fáceis de enganar, os Americanos gostam de ser enganados, etc.


Ao lado está a Igreja Mátyas, lindissima mas em obras.
Com isto tudo eram cinco da tarde e a noite já tinha caído. Descemos pelos caminhos contorcidos e escadarias do castelo, até ao nosso hotel. A Susana foi directa para o quarto, a alergia voltava a atacar, e eu ainda fui até á entrada da Ponte das Correntes para fazer umas fotos dos edifícios iluminados.


Depois de algum descanso saímos para jantar e voltámos à cervejaria belga, da noite anterior, que fica ao fundo das escadas que dão para o hotel. A comida é óptima, aliás devo dizer que estamos encantados com a gastronomia húngara, e a colecção de cervejas é gigantesca. Têm desde a cerveja feita na casa até todas as cervejas belgas conhecidas.
Amanhã vamos atravessar o Danúbio para Peste.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Budapeste - A chegada


Aterrámos ás 18:30 em Budapeste depois de uma viagem via Frankfurt que começou em Lisboa ás 12:10.
Apanhámos o serviço de shuttle que nos leva do aeroporto para qualquer ponto da cidade e que é impecável e barato. A primeira impressão , ainda nos arredores, foi que estávamos numa qualquer cidade alemã mas, quando entrámos no centro da cidade, tudo se alterou. Deixámos umas turistas bifas num hotel da margem leste e, quando nos dirigiamos para o nosso hotel, ficámos de boca aberta, á entrada da Ponte das Correntes, com a vista da margem oeste e os seus monumentos iluminados.
O hotel é pequeno mas agradável. Fica num beco por baixo do bairro do castelo e está perto de alguns dos melhores sitios desta cidade que promete uma boa estadia.
Vamos ver se comemos qualquer coisa na cervejaria da esquina. Até amanhã.